segunda-feira, 2 de junho de 2014

Passagem pelo grupo do Leão

O grupo chamou-se do Leão, por causa de um café da rua do Principe [hoje 1° de Dezembro], onde ás noites iam cavaquear e beber cerveja, artistas n'elle incorporados, e o seu advento nas exposições do Commercio de Portugal é trepidação de um hausto novo na maneira portugueza de pintar.

Cervejaria Leão de Ouro, 1885.
Imagem: Hemeroteca Digital

O Grupo do Leão, Columbano Bordalo Pinheiro, 1885.
Representados, da esquerda para a direita: em fundo, João Ribeiro Cristino, Alberto de Oliveira, criado Manuel, Columbano, criado António, Braz Martins; sentados, em segundo plano, Manuel henrique Pinto, João Vaz, Silva Porto, António Ramalho, Rafael Bordalo Pinheiro; em primeiro plano, José Malhoa, Moura Girão, João Rodrigues Vieira.
Imagem: Wikipédia

Annos depois de organisado o grupo do Leão, bolorencias inherentes à natureza pantanosa d'este género de sociedades, levaram alguns artistas a se separarem d'elle, e a incorporarem-se-lhe outros, e a nova confraria a alargar-se num programma mais íngreme de letras e artes, com saraus, banquetes, exposições e regalos, que, pela vida periclitante da nova milí­cia, intitulada Grémio Artístico, não chegaram a cabal execução, à parte as exposições, decaídas, que o profissional hoje evita, e que a invasão do furioso amador quasi tornou fastidiosas. (1)

Lago do Antelmo — Alfeite, João Ribeiro Cristino, 1883.
Imagem: Veritas leilões

[Manuel Henrique Pinto] Pintor do Naturalismo. Com Malhoa descobre o "Figueiró das Cores", com ele inicia a dita "odisseia rústica". Nascido em Cacilhas a 15 de Março de 1853. Cursou a Academia de Lisboa, onde foi discípulo de J. G. Prieto, Tomás da Anunciação e Simões de Almeida. Expõe pela primeira vez na 10ª Exposição da Sociedade Promotora (1874) três Paysagens tiradas da outra banda. (2)

Antelmo — Alfeite, Manuel Henrique Pinto, 1882.
Imagem: Manuel Henrique Pinto no Facebook

Corroios, Manuel Henrique Pinto, finais do século XIX.

[João Vaz] Nasceu em Setúbal, a 9 de Março de 1859. De 1872 a 1878 frequentou a Real Academia de Belas Artes de Lisboa, onde foi aluno de Tomaz de Anunciação. Acabado o curso, e não tendo arranjado pensão para estudar no estrangeiro, fez uma viagem por França e Espanha, na companhia de António Ramalho. (3)

Cacilhas, Praia da Fonte da Pipa e Olho-de-Boi, João Vaz.
Imagem: Casario do Ginjal

[José Malhoa] Nasceu nas Caldas da Rainha a 28 de Abril de 1855. Foi estudar para Lisboa aos 8 anos e aos 12 entrou na Real Academia de Belas Artes de Lisboa, onde foi discípulo de Lupi, Prieto, Vítor Bastos e Anunciação. Obtendo no fim de todos os anos o 1º prémio, conclui o curso em 75. (4)

Paul da Outra banda, Pântano, Vista do Alfeite, Charco de Corroios, José Malhoa, 1885.
Imagem: Blog do Noblat


(1) Arthur, Ribeiro, Arte e artistas contemporaneos, Illustrações de Casanova & Ramalho, Pref. de Fialho de Almeida, 1896, Livraria Ferin, Lisboa.
(2) MatrizNet
(3) Idem
(4) Idem, ibidem

Leitura relacionada:
do Porto e não só: Apontamentos sobre a pintura em Portugal na esquina dos séculos 19 e 20 (I parte)
Artistas e Espacos de Sociabilidade no século XIX — O Leão d'Ouro e a Génese do Naturalismo na Pintura Portuguesa 1885-1905
Aça, Zacarias d', Lisboa moderna , 1906, Tavares Cardoso, Lisboa.


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